sábado, 30 de março de 2013


''Anna pega minha mão e me conduz por uma pequena trilha ao lado da nossa cabana e sei que estamos indo em direção à cachoeira. Caminhamos em silêncio por alguns minutos e o único som que posso ouvir são as folhas sendo esmagadas por nossos pés. Sinto como se minha cabeça e meu coração pesassem uma tonelada, e tudo que quero nesse momento é me sentar na beira da cachoeira e ouvir o som da água correndo em direção às montanhas. Agradeço a Anna mentalmente por ter sugerido que viéssemos até aqui, e nesse momento uma onda de afeto por ela me invade. Anna me conhece melhor do que eu mesma, e adoro isso nela.
Chegamos à cachoeira e sinto vontade de desabar chorando imediatamente. O sol se reflete na água que brilha forte fazendo meus olhos doerem. Sento-me na pedra lisa na beira d’água e as lágrimas começam a cair. Quentes, pesadas, elas vão saindo de mim pouco a pouco, mas não me sinto mais leve por isso. Lembro-me do dia em que fomos a uma festa de 15 anos e Matt vestiu a primeira blusa social que encontrou no guarda-roupa. Eu comprei uma gravata barata para ele e mesmo assim ele ficou deslumbrante como um ator adolescente vindo diretamente de Hollywood ou algo assim, enquanto eu tive que gastar uma fortuna e 3 horas no shopping escolhendo um vestido que me deixasse à altura dele. E não consegui mesmo assim. Anna foi junto conosco naquela festa. E rimos a noite inteira enquanto fumávamos escondidos dos meus pais. Matt sentou do meu lado na mesa e segurou minha cintura enquanto víamos a aniversariante entrar no salão. E enquanto lembro-me disso quase posso sentir suas mãos em minha cintura de novo.  Abro os olhos e estou na cachoeira, nada de festa, gravatas e vestidos de renda, nada de cigarros escondidos e danças que fazem meus pés doerem, nada de segurar a mão dele até que a minha própria esteja suando. Somos apenas Anna e eu na cachoeira, e Matt não está aqui.''

Nenhum comentário:

Postar um comentário